31 de mar. de 2024

não tem nome





 o céu dispara seus dardos

setas azuis lancinantes

fiapos de sombra rastejam medos


cismo anjos

livros sedados

fogueiras e selos

sexo e mentiras


tudo cai


enredadas pelos cantos as meadas desfiam

longos rosários de verdades entrecortadas

os anjos segredam revelações

em meus olhos moucos


queria que contassem dos desenhos

das tramas traçadas

dos ardis pintados na areia


mas eles sussurram sem parar

cegando teus encantos


queria que ouvissem

essas notas dissonantes e embaraçadas

sopradas no avesso da trama


distraída pela algaravia de cores

despedaço teu olhar surdo

espargindo cacos

vitríolos em que refulgem incêndios


Rosa Cardoso